Dorenses ilustres

Dores do Indaiá possui inúmeras personalidades que foram ou são referência no campo da política, da economia, da literatura e das artes nos âmbitos estadual e nacional. São naturais de Dores que levam o nome da cidade para diversos lugares do Brasil e do mundo. Entre essas referências, podemos citar nomes como Francisco Campos, Emílio Guimarães Moura, Bolívar Lamounier, Carminha Gouthier, Waldemar de Almeida Barbosa, Oswaldo de Araújo, Stella Maris Rezende, Maria das Dores Caetano Guimarães (Dona Branca) e Ricardo Faria. A seguir veja um breve resumo da vida e das obras dos ilustres dorenses. 


FRANCISCO CAMPOS 

Importante personalidade de Dores do Indaiá e do Brasil, Francisco Luís da Silva Campos nasceu em 1891 e sua vida foi notabilizada pela política, tendo relevância e atuação muito importante no Governo Getúlio Vargas, além de atuar no campo jurídico como advogado e na área acadêmica como professor. 

Sua carreira política foi iniciada pela ajuda ilustre de Raul Soares. Foi eleito deputado para a Assembléia de Minas e para a Câmara Federal. Mas o auge da carreira política de Francisco Campos foi quando assumiu o Ministério da Educação, promovendo reformas nas instituições de nível secundário e superior, e no Ministério da Justiça, quando ajudou na formulação da Constituição de 1937 que instituiu o Estado Novo. 

Francisco Campos também participou de movimentos de retirada de Getúlio Vargas do poder, face ao ambiente de redemocratização da época. Nos anos de 1950 afastou-se da política, e passou a sustentar posições econômicas liberais e agrárias. Já no final de sua vida esteve nos movimentos contra o presidente João Goulart e dos primeiros Atos Institucionais da Ditadura Militar. O político faleceu em Belo Horizonte em 1968. 

EMÍLIO GUIMARÃES MOURA 

Mineiro de Dores do Indaiá, Emílio Guimarães Moura nasceu em 14 de agosto de 1902. Na década de 1920 mudou-se para Belo Horizonte onde conheceu um grupo de intelectuais que foi rotulado como a primeira geração modernista da capital mineira, nomes como Carlos Drummond de Andrade, Aníbal Machado, Pedro Nava, Milton Campos entre outros. 

Em 1925 junto com Drummond, Gregoriano Canedo e Francisco Martins fundou o periódico modernista "A Revista" e em 1928 formou-se em Direito, entretanto não exerceu a advocacia. Logo depois, inicia-se sua grande e intensa vida literária, além de colaborar para os jornais "Diário de Minas", "Estado de Minas" e no "A Tribuna de Minas".

Também foi um dos fundadores, o primeiro diretor e professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Entre suas principais obras estão "Ingenuidade" (1931), "Conto da hora amarga" (1936), "O espelho e a musa" (1949), "A casa" (1961)", "50 poemas escolhidos pelo autor" (1961) e "Itinerário Poético" (1969). Emílio Moura faleceu em Belo Horizonte em 28 de setembro de 1971. 

BOLÍVAR LAMOUNIER 

Cientista político e sociólogo renomado, Bolívar Lamounier é natural de Dores do Indaiá, pequena cidade do interior de Minas Gerais, tem sua trajetória baseada na análise na vida política e social do Brasil através de seus livros e artigos escritos em diversos meios de comunicação. Bolívar Lamounier é bacharel em Sociologia e Política pela Universidade Federal de Minas Gerais e Doutor em Ciência Política pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. 

Entre seus inúmeros trabalhos, há parcerias com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na obra que analisa os partidos e as eleições no Brasil, há muitos trabalhos focados na evolução da democracia brasileira e da sociedade com suas ambições e seus projetos. 

Hoje, o cientista político dorense vive na capital paulista, e tem colunas analisando a vida política e social brasileira em diferentes meios de comunicação nacionais, tais como no jornal "O Estado de São Paulo", na revista "Istoé", além do seu blog publicado pela revista "Exame".

CARMINHA GOUTHIER 

Maria do Carmo Sousa Coelho, mais conhecida como Carminha Gouthier, nasceu em uma casa na praça São Sebastião, atual praça Lacerda, em Dores do Indaiá em 16 de abril de 1903. Era filha de Paulino de Paula Sousa (jornalista e primeiro proprietário da primeira gráfica da região) e Afra Gontijo de Sousa. Casou-se em 1921 com o Doutor Hudson Gouthier e viveu em Bom Despacho, Mariana e Belo Horizonte, sempre acompanhando o marido, que era juíz. 

A jovem poetisa era conhecida pelos poemas ricos em espiritualidade, expressando a maior voz da poesia mística do Brasil. Isso é confirmado por declarações de grandes escritores brasileiros, tais como Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes e Oscar Mendes. Profundamente religiosa, Carminha tinha afinidade espiritual com São Francisco de Assis, sendo lembradas como uma santa-poetisa. Por sua modéstia, inerente ao seu modo de vida, 

Carminha Gouthier teve apenas dois livros publicados, muito por insistência de amigos: "A luz e o trigo" de 1961 e "Espantanlho de Deus " de 1967. Dentre as várias homenagens recebidas pela poetisa, destaca-se o livro "Mystica Poesia" organizado por José Hipólito de Moura Faria, onde o autor comenta a poesia de Carminha Gouthier com muita profundidade. Carminha faleceu em 5 de junho de 1983 em Belo Horizonte. 

WALDEMAR DE ALMEIDA BARBOSA 

Waldemar de Almeida Barbosa nasceu em Dores do Indaiá, em 23 de outubro de 1907. Filho do Major Eduardo José de Almeida e de dona Honorina de Almeida Barbosa. Waldemar foi professor, historiador, escritor e compositor de hinos, também foi membro de vários institutos históricos e academias de letras entre eles: o Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais; sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, e sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

O professor Waldemar foi agraciado com várias comendas, entre elas a medalha Cidade de Tiradentes, a Insígnia da Inconfidência, a grande medalha da Inconfidência, a medalha Santos Dumont, entre tantas outras. Publicou vários livros, entre eles: “A bandeira de Minas Gerais”, “A verdade sobre Tiradentes”, “Tiradentes patrono cívico do Brasil”, “O triângulo na bandeira Tiradentes”, “A capitania de Minas Gerais”, “Geografia humana e econômica do Brasil”, “A Câmara dos Deputados como fator da unidade nacional”, “A história de Minas” (em 3 volumes), “O Aleijadinho de Vila Rica”, “A verdade sobre Cláudio Manoel da Costa”, ”Pequena história da Polícia Militar de Minas” e outros.

Além de professor e diretor de estabelecimentos de ensino, Waldemar de Almeida Barbosa exerceu vários cargos e funções. Ele foi secretário geral da revista de História e Arte de Belo Horizonte; secretário geral do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, onde promoveu vários cursos de história de Minas, ministrado em 1973. Waldemar de Almeida Barbosa faleceu em 04 de dezembro de 2000.

OSWALDO DE ARAÚJO 

Oswaldo de Araújo é uma personalidade muito importante que teve sua vida ligada ao Banco Mercantil do Brasil. Mineiro de Dores do Indaiá, Oswaldo de Araújo nasceu em 10 de dezembro de 1913 e era um dos dez filhos de Godofredo de Araújo e de Maria Carneiro de Araújo. 

Iniciou sua carreira como escrituário do Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais em 1934. Já com com uma boa experiência no ramo bancário, funda em 3 de maio de 1943 junto com seu irmão Vicente de Araújo o Banco Mercantil do Brasil no município de Curvelo com o intuito de movimentar e dinamizar a economia local. 

O banco teve grande crescimento nas décadas de 1960 a 1980, comprando vários estabelecimentos bancários e criando inúmeros postos de trabalho. Hoje é uma instituição referência no pagamento de benefícios do INSS, tendo 200 agências bancárias e aproximadamente 2 milhões de clientes. 

Oswaldo de Araújo sempre foi um homem dinâmico e com interesse no desenvolvimento social e econômico. Ele faleceu em 26 de julho de 1994.

STELLA MARIS REZENDE 

A escritora Stella Maris Rezende é natural da cidade mineira de Dores do Indaiá, porém logo na infância muda-se para Belo Horizonte. Em 1962 foi para Brasília onde viu de perto o desenvolvimento da então recente capital federal. Desde 2007 vive no Rio de Janeiro, onde tem intensa atividade literária e cultural. 

Stella Maris é mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB), além de ser professora, cantora, atriz, artista plástica, dramaturga, entretanto o que Stella se define mesmo é escritora. Ela possui inúmeros livros publicados, entre romances, novelas, crônicas, contos, poemas, peça teatral dedicados as crianças, jovens e adultos. 

A escritora possui vários prêmios importantes, tais como o Prêmio Nacional de Literatura João-de-Barro (1986, 2001 e 2008), Prêmio Jabuti de melhor livro infantil (2012) e o Prêmio Brasília de Literatura (2014). Entre seus principais livros estão "A mocinha do mercado", "Família contadeira de histórias", "O sonho selvagem" e o "Último dia de brincar".

MARIA DAS DORES CAETANO GUIMARÃES (DONA BRANCA)

A doce escritora mineira Maria das Dores Caetano Guimarães, a famosa "Dona Branca", é símbolo da mineiridade interiorana. Nascida na pequena cidade de Dores do Indaiá em 1937, seu gosto pela literatura iniciou-se essencialmente em casa, cujo pai tinha gosto pela leitura e mantinha uma bela biblioteca. 

Seus estudos foram realizados em Dores do Indaiá, onde fez o ginásio na Escola Normal, e em Belo Horizonte, onde fez o magistério no Instituto de Educação de Minas Gerais. A alma da literatura de "Dona Branca" são as crônicas, a arte de escrever sobre o simples da vida. Foram elas que durante muito tempo escreveu para o jornal mais tradicional da cidade, "O Liberal" e no Informativo da Cooperativa de Dores com o pseudônimo "Maria". A escritora possui o blog "Jeito Mineiro de Escrever", onde o leitor encontra uma pequena parte de sua vasta obra. 

Um pouco mais da vida, da família, dos interesses da literatura e casos e nostalgias de "Dona Branca" podem ser conhecidos na bela entrevista da escritora a jornalista Ana Cláudia Vargas, do portal Plena. Que muitas e muitas crônicas venham, pois o prazer de ler "Maria" é imenso, sem dúvida uma das melhores escritoras dorenses de todos os tempos. 

RICARDO FARIA 

Ricardo Faria, é natural da cidade mineira de Dores do Indaiá. Reside, atualmente, em Belo Horizonte, onde trabalhou como professor de História por 35 anos e culminou sua jornada como Consultor da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais para as áreas de Educação e Cultura.

Escreveu, isoladamente ou com co-autores, mais de 70 (setenta) obras didáticas e paradidáticas, pelas editoras Lê, Formato, Contexto, Saraiva e FTD e Letramento. Sua produção foi, inclusive, objeto de tese de doutoramento defendida por um ex-aluno.

Por um tempo, foi também fotógrafo, tendo realizado quatro exposições, todas em Belo Horizonte. Aposentado, enveredou pelo ramo da literatura, com um projeto que germinava há mais de dez anos.

Dentre as obras do autor dorense estão os 
romances  que compõem a trilogia "BRASIL FIN-DE-SIÈCLE", iniciada com "O amor nos tempos do AI-5", continuada com "Amor, opressão e liberdade" e concluída com "Amor e Liberdade... ainda que tardia".

Textos de Leonardo Mendonça, do blog Folha do Indaiá, e do site Amigos de Dores do Indaiá (ADI).

Comentários